Em pleno século XXI, Ana Moura, uma das mais jovens e conceituadas fadistas da atualidade, continua a dar provas de que o fado português não tem que ser sempre triste e muito menos cantado com um semblante carregado .
Prova disso mesmo é o novo single da cantora, "Desfado", de nome homónimo ao do seu mais recente trabalho discográfico, à venda desde a passada 2ª feira.
Este álbum, que é o quinto trabalho de estúdio da fadista, conta com o talento de magníficos letristas portugueses, como Pedro da Silva Martins (Deolinda); Márcia Santos; Pedro Abrunhosa, Luísa Sobral, entre outros, o que, aliado a uma voz magnifica, só poderia resultar num excelente trabalho.
Ao contrário do que muito frequentemente tem sido escrito, e segundo declarações de Ana Moura nas mais diversas entrevistas que tem dado, este trabalho em geral, e este single em particular, pretendem ser "uma desconstrução do fado e não uma negação do mesmo".
Ana Moura - "Desfado"
Letra: Pedro da Silva Martins (Deolinda)
"Desfado"
Quer o destino que eu não creia no destino
E o meu fado é nem ter fado nenhum
Cantá-lo bem
sem sequer o ter sentido
Senti-lo como ninguém
mas não ter sentido algum
Ai que tristeza, esta minha alegria
Ai que alegria, esta tão grande tristeza
Esperar que um dia
eu não espere mais um dia
por aquele que nunca vem
e aqui esteve presente
Ai que saudade que eu tenho de ter saudade
Saudades de ter alguém que aqui está e não existe
Sentir-me triste só por me sentir tão bem
E alegre sentir-me bem só por eu andar tão triste
Ai se eu pudesse não cantar "ai se eu pudesse",
e lamentasse não ter mais nenhum lamento
Talvez ouvisse
no silêncio que fizesse
uma voz que fosse a minha
a cantar alguém cá dentro
Ai que desgraça, esta sorte que me assiste
Ai mas que sorte eu viver tão desgraçada
Na incerteza
que nada mais certo existe
além da grande certeza
de não estar certa de nada
Ai que saudade que eu tenho de ter saudade
Saudades de ter alguém que aqui está e não existe
Sentir-me triste só por me sentir tão bem
E alegre sentir-me bem só por eu andar tão triste
Há quanto tempo não comentava aqui no blog mais fixe sobre música =)
ResponderEliminarDevo dizer que este cd da Ana Moura está espectacular, e que escolho o "Gostavas de mim" escrito pelo Miguel Araújo como o fado mais divinal do cd. A maneira como está escrito com o ritmo da música torna-o engraçado ao mesmo tempo que se percebe bem a letra.
Quanto ao blog, como sempre, está muito giro e com o conteúdo cada vez melhor...=)
Beijinhos.