Ontem vi duas notícias na imprensa nacional que só não me chocaram mais porque já há largos anos que estou a par do enorme poder que a igreja tem sobre os portugueses (católicos) em particular e os católicos de todo o mundo em geral.
Mas vamos por partes....1º notícia altamente escandalosa (nem sei se se pode considerar notícia devido ao alto grau de previsibilidade que esta comporta):...a igreja não quer abolir nenhum feriado religioso (parecer vindo do reluzente Vaticano)! Ora a sério???? Por acaso era coisa que ainda não me tinha passado pela cabeça (sarcasmoooooo....)! Estava mais que visto, desde o início, que os únicos feriados abolidos iriam ser civis.
Ora num país em que a população é maioritariamente católica (ñ sei estatísticas mas certamente uns 80% são fieis católicos e/ou simpatizantes) estava mais que visto que a proposta do governo iria ficar em águas de bacalhau até ordem do Vaticano. Escrevo ordem de forma consciente e propositada pois o que vem do reluzente Vaticano é sempre uma ordem a cumprir!!!
Mas se podemos, nós portugueses, abolir da nossa história uma Restauração da Independência (1 de dezembro) e uma Implantação da República (5 de outubro), datas que refletem a sociedade atual em que vivemos ou não representassem a conquista da independência de Portugal face a Espanha e a destituição do sistema monárquico, respetivamente, por que não podemos abdicar de um 15 de agosto e um 1 de novembro ou seja da Assunção da Virgem Maria e do dia de Todos os Santos datas que nem sequer são transversais a outras religiões????
A outra notícia, também escandalosa mas previsível, surge como resultado de uma Conferência Episcopal Portuguesa ontem realizada que exclui a obrigatoriedade, por parte da Igreja, de comunicar às autoridades competentes crimes de abuso sexual praticados pelos membros do clero. Tornando-se apenas obrigação dos membros da igreja que tenham conhecimento destes abusos, que sugiram às vitimas uma denúncia às autoridades civís! Como se isto fosse acontecer!
Se fosse intenção da igreja fazer denúncia destes casos e não abafá-los este documento nunca teria sido elaborado! Será que estes senhores acham que a sociedade anda toda a dormir??? Bem talvez até andemos mas mesmo que não andássemos não há nada que possamos fazer perante a voz da Igreja essa é a realidade!!! As leis civis são aprovadas/reprovadas em parlamento, por maioria, há referendos, etc,etc, etc, já na Igreja uma conferência com os seus representantes é o que baste para ser tomada toda e qualquer decisão!
Pergunto eu o que quererá uma mãe que deixa o seu filho, descansada da vida, por ex. na catequese e descobre um abuso sexual por parte do padre da paróquia? Será que ela não quereria que fosse obrigatória a denúncia, por parte da igreja, deste comportamento ou será que ela prefere que alguém lhe sugira (o que eu acho que nunca irá acontecer) que ela faça uma denúncia às autoridades???
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